sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

LUTO



I
Estou de luto.
Minha garganta está trancada,
Meu coração esfacelado;
Por meus olhos sem expressão
Nenhuma lágrima há para chorar.
Chegou a hora do adeus
Tantas vezes adiada.

Suplicante, todo o meu ser esmola:
– Só mais um instante!!!
Meu corpo, ao seu enlaçado
Como um náufrago,
Ao que quer que encontre, agarrado
Dignidade perdida, rebelde,
Seu corpo não deixo que parta.

É chegado o fim...
Apenas o vazio, árido deserto
Preenche um coração órfão de esperança,
Viúvo da metade de si mesmo.

II
Estou de luto por um amor
Ceifado ainda em botão
Muito mais atroz que a despedida
De um ente querido que a morte levou
É o luto por um sentimento:
A partida de alguém do nosso convívio
Traz a dor, a saudade ou a revolta;
Por vezes é como se um mundo desabasse
Mas ainda há a certeza da eternidade da alma,
O conforto de, quiçá, ser possível
Um reencontro adiante, nas brumas do tempo.

Nada tão horrível , contudo,
Quanto assistir à morte de um amor
Ter consciência de que tudo acabou...
Pois o sentir é abstrato,
Para ser real necessita de um ser para vivê-lo.
Fora do relicário de um coração apaixonado
Não passa de belas palavras ao vento,
Versos inertes de um poema arquivado.

III
Estou de luto pelo meu amor...
O que de puro ainda habitava meu viver,
Acalentado como um pequeno infante,
A ponte que me aproximava do alto,
O que me humanizava.
O que não me permitia ser apenas
Um número nas estatísticas,
Uma profissional competente,
Uma maquina bem programada,
Engenhoca de processos metodológicos exatos.

Comemoro hoje a perda de uma ilusão.
Dói constatar que tudo acabou,
Mas terei a cabeça erguida.
“Adeus” disse eu hoje a expectativas de uma vida!
A nenhuma esperança me permito
Além da conformação aos desígnios do alto.

IV
Estou me desligando de você
Não porque nos tenha faltado sentimento,
Mas porque cultivá-lo não nos faria bem...
Em um momento lindo nossas vidas se cruzaram;
Hoje, porém, estamos em tempos da vida diferentes.

Por respeito a você e a mim, digo-lhe adeus!
Renuncio ao seu amor – segue em paz!
A aceitação trouxe a liberdade.
Por você, um afeto imorredouro, sempiterno:
Amigo, irmão, companheiro de senda
Análoga, mas não entrelaçada
Duas linhas paralelas
Infinitamente próximas, eternamente separadas.






























quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Gema preciosa que por vezes a sorte matreira
Um ou outro desavisado caminhante encontra
Sem que incauto suspeite seu raro valor.
Tabula rasa de meros conceitos por certo não é,
Antes zeloso maestro da sinfonia de seu próprio existir;
Voos rasantes não o fascinam, pois como o condor,
Olhos e forças volta somente aos mais altos picos.

Sonho de menino, um garotinho, Peter Pan;
O tempo não lhe pode usurpar a vivacidade de criança,
A curiosidade, o amor pelo novo, o coração puro.
Raio de esperança a fulgurar num mundo obscuro,
Encanto, obcessão, miragem daquelas que lhe renderam o coração...
Só quizera saber se - nesse coração - há um cantinho para mim!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Amor...


Ainda sinto a hipnose
Com fórmulas de neurose
E conteúdo pirofágico

Formando intenso tráfego
Num átimo nostálgico Assemelhando algo letárgico...
Este tão perseguido amor
Que às vezes é como dor

Outras como felicidade

Sonhos e realidade:
Qual digo da mola da emoção Divindade e sensação...

...Mola emotiva e incomparavel
De fonte vital inesgotável
Sinto ainda um mal e um bem maligno

Seguindo este ser misterioso e perseguido
Preenchendo meu mundo sério
Com a noção do eterno...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sociedade que me rouba você



Minha
Parte é
Tua,
*******Tua
*******Pra
*******Meu viver.
Me
Perco no
Tempo...
*******Teu
*******Pêlo
*******Meu
Mundo
Pra
Ter você.
*******Tenho
*******Poucos
*******Momentos,
Minutos quase
Para
Te ter.
*******Tudo
*******Pede
*******Muito
Mais
Presença
Tua;
*******Tendo
*******Pra
*******Mim
Muito do
Pouco que não é
Teu!
*******Tempo
*******Perdido no
*******Mundo...
Mundo que não
Perde o que é
Teu e meu.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Instinto


Proclamas
Convites,
Alianças,
Enxoval,
Grinalda,
Véu,
É noite num motel...
Padrinhos,
Igreja,
Roupas
Que se casam
Com a noiva da incerteza...
Padre,
Cartório,
Juiz de paz,
Amor que se faz no"sim"...
Aluguel,
Festa,
Lua de mel,
Fotos,
Vestido da noiva,
Terno do noivo,
Salão,
Buquê,
Cumprimentos,
Damas de honra,
A marcha nupcial,
Os gemidos!
Noite de núpcias?
Sexo lícito!
Gravidez?
Filhos.
Mutações físicas femininas,
Pré-natal,
Enjôos,
Mesa de parto:
Choros!
Emoção!
Outro enxoval...
Amamentação,
Rotina, escola...
Frieza, traição,
Lar,
Marido,
Esposa,
Filhos...
É o esporte
Sem sorte
E nexo
Que chamamos de sexo!
Desejos, até punheta...
Mas tudo isso é amor?
Não: apenas instinto de veneta.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Estrofes da vida

Nas dores da rima,
Ou talvez nas rimas da dor,
Que vão se compondo momento a momento...
Vida que pulsa,
Em corações calejados;
Lições não aprendidas
Que a evolução vem cobrar
Ante quedas e desacertos,
Vai restando o gosto salgado
De lagrimas que não se misturam
Ao fel do desespero;
Pois este, não vigora
Anulado pela fé que anima.
Então se pergunta:
Onde a dor?
Cadê a dor da rima?
Vê-se que ela se fez coragem,
Amparada pela fé milenar
D’aquele que disse:
Estarei convosco até o fim dos dias!!!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Amor


O nosso amor é antigo;
algo que nessa vida não se explica;
mas que nas entrelinhas do destino,
em páginas escritas de outras eras que
o tempo não apaga.
O amor é lindo assim como o entardecer e o azul do mar...